quinta-feira, dezembro 16, 2010

Enigma MMX

Já devem saber que gosto de Enigma. Ontem foi um dia histórico para Michael Cretu (o fundador de Enigma) porque terminou a composição da "MMX (The Social Song)", um projecto EnigmaSpace.



Em poucas palavras, resume-se este projecto como sendo uma colaboração à escala planetária para compor uma música. Os utilizadores registados gravaram as suas propostas para as vocalizações, decidiram o estilo da música e depois Michael Cretu reuniu as peças mais votadas e misturou tudo numa música que para mim foi bem conseguida. Não foge ao espírito de Enigma, isto é, tem uma batida cativante, as vocalizações têm uma aura étnica e o crescendo ao longo da música (observável pela representação gráfica acima) leva-nos para as esferas da meditação e do chill out.

quarta-feira, dezembro 15, 2010

Já Cheira a Natal!

Pelo menos lá em casa...

Ontem não escapou. Montei a árvore e o presépio com a ajuda da minha esposa. Custou menos a montar do que julgávamos (já não nos recordávamos do que tinha custado nos três Natais passados) e acabámos por assumir que, devido a termos montado a árvore e o presépio bastante perto do Natal, também a iríamos manter mais um pouco depois dos Reis.



O presépio, ainda que bonito, ainda não é o ideal. Trata-se de uma peça única e grande parte das recordações que eu e a minha esposa temos, é do presépio montado com figurinhas ao estilo das cascatas de S. João. Portanto, o próximo passo é arranjar um lugar onde se vendam esse tipo de figurinhas.


O tempo de Natal tem uma magia própria. Isso é inegável. São estes primeiros passos que nos orientam ao longo do Advento e tudo culmina com a reunião familiar à volta de um bom prato de bacalhau com batatas.

Este ano não deixemos de ser solidários para que todos possam ter um Natal de sonho!

terça-feira, dezembro 14, 2010

A Fúria do Açúcar

Não vou falar de música.

Será que a indústria açucareira não sabe que pela altura do Natal se consome mais açúcar?
Será que a indústria açucareira não sabe que a matéria-prima continua a chegar a portugal?
Será que as pessoas consomem assim tanto açúcar que, ao ouvirem as notícias sobre a possível falta de açúcar vão a correr até ao supermercado mais próximo para adquirir 10 quilos de açúcar? Para mim e para a minha esposa, 10 quilos de açúcar dão para 10 anos (é verdade que não fazemos muitos doces em casa e eu não coloco açúcar em nada)!
Será que as televisões têm comissão sobre o aumento especulativo do preço do açúcar?
Será que está tudo doido? Deviam todos ir para a Idade Média, naquele tempo em que se queriam adoçar alguma coisa, teria de ser com mel porque o açúcar ainda não existia na Europa! Não! Espera! Se calhar é melhor não... não vá o mel acabar nas prateleiras dos supermercados!

terça-feira, dezembro 07, 2010

Teste do Camião

É um óptimo teste para se fazer a um site Web. Foi inventado por Steve King, autor do livro "Don't Make Me Think" e faz a analogia entre a navegação na Web e ir num camião fechado, sendo largado em qualquer ponto de uma cidade desconhecida.

  • Que site é este?
    Identificar o site através do título da página, por exemplo.
  • Em que página estou eu?
    Colocar como cabeçalho de nível 1 a função da página.
  • Quais as principais secções deste site?
    Mostrar de forma bem visível as secções em que se divide o site (estrutura principal do menu de opções).
  • Quais as minhas opções a este nível?
    Navegação local dentro de uma determinada secção.
  • Em que posição relativa estou face à estrutura do site?
    Utilizar, por exemplo, um indicador do tipo "Você está aqui: Livros > Culinária"
  • Como posso procurar?
    Incluir uma caixa de pesquisa global em todas as páginas.
P. S. - O camião em LEGO foi criado por mim (ainda hoje brinco com LEGO) utilizando o programa LEGO Digital Designer disponível em: http://ldd.lego.com/download/default.aspx

segunda-feira, novembro 29, 2010

Kensington Expert Mouse

Acabei de experimentar pela primeira vez um rato do tipo trackball da Kensington.

Este tipo de ratos pode ser utilizado por pessoas com mobilidade reduzida no braço mas que possam fazer movimentos com os dedos. Em teoria possuem uma posição de operação mais confortável do que os ratos normais e, para profissionais, pode ajudar a minimizar lesões provocadas por gestos repetitivos, na medida em que o braço e o punho não são necessários para operá-los.

Embalagem do rato

Eis a minha opinião relativamente ao Kensington Expert Mouse.

Colocá-lo a funcionar num Windows 7 a 64 bits não teve qualquer tipo de problemas. Plug-and-play real.

O rato possui uma trackball no centro do seu corpo e esta encontra-se rodeada por um anel que serve para fazer scroll das páginas. Dispostos à volta deste anel estão quatro botões, dois na parte de cima que podem ser configurados e dois na parte de baixo que fazem as acções de botão esquerdo e direito do rato. Existe uma peça amovível que pode ser colocada na parte inferior do rato e que permite descansar o pulso enquanto se trabalha.

Depois de trabalhar uma hora ou duas com este rato, consegui aperceber-me de algumas fragilidades:

  • O comportamento do anel não é tão fluido como gostaria, notando-se algum atrito do tipo plástico com plástico;
  • Os botões que se dispõem à volta da trackball acabaram por me conduzir a alguns cliques involuntários principalmente no botão superior direito que na altura estava configurado para "voltar para trás", o que se tornou incomodativo;
  • A trackball não permite controlo fino de movimentos dificultando por vezes a simples tarefa de clicar em caixas de texto como as que existem nos browsers para se introduzir o endereço das páginas;
  • Curiosamente, comecei a sentir algum desconforto no antebraço quando alguns "músculos que não conhecia" começaram a doer.

O último ponto desta lista talvez se deva ao apoio insuficiente para a palma da mão que resulta numa posição de trabalho pouco confortável. Note-se que estou habituado a um rato Logitech MX Revolution que proporciona o apoio total da palma da mão.

É precisamente este aspecto que me leva a duvidar um pouco da ergonomia do Rato Kensington. Fiquei curioso e visitei a página da Logitech à procura de outros ratos trackball e todos os que encontrei tinham o tal apoio total para a palma da mão para além de terem os botões mais próximos do local mais habitual dos ratos ditos normais.

sexta-feira, novembro 26, 2010

Identificar mudanças de linguagem dentro de um documento

Esta é uma situação relativamente corrente mas que poucas pessoas dão a devida atenção. Pensemos no caso desta parcela de texto:

"Antes de imprimir, verifique se instalou correctamente os drivers da impressora".

Existe uma palavra em inglês - drivers - que é um jargão informático e que um leitor normal, minimamente familiarizado com estes termos, lê sem qualquer dificuldade. Mas... e um leitor de ecrã? Na generalidade, um leitor de ecrã estará configurado para a língua do utilizador e, poderá mudá-la de acordo com o que estiver estipulado no cabeçalho do HTML ou XHTML. No entanto, no cabeçalho estipula-se a língua de todo o documento. Como se poderá tratar então mudanças de língua dentro de um documento?

Existe o atributo lang que pode ser usado em todos os elementos HTML excepto applet, base, basefont, br, frame, frameset, iframe, param e script.

No caso apontado acima, seria correcto colocar qualquer coisa como:

HTML
"Antes de imprimir, verifique se instalou correctamente os <em lang="en">drivers</em> da impressora".

XHTML como texto/html
"Antes de imprimir, verifique se instalou correctamente os <em lang="en" xml:lang="en">drivers</em> da impressora".

Códigos das línguas mais comuns
  • Alemão - de
  • Espanhol - es
  • Francês - fr
  • Inglês - en
  • Italiano -it
  • Português - pt
Códigos das variantes das línguas mais comuns
  • Espanhol Castelhano - es-ES
  • Espanhol Mexicano - es-MX
  • Francês Parisiense (de França) - fr-FR
  • Francês Canadiano - fr-CA
  • Inglês da América - en-US
  • Inglês Britânico - en-GB
  • Português do Brasil - pt-BR

quarta-feira, novembro 24, 2010

De Greve (uma espécie de...)

Hoje foi o dia em que estive mais próximo de fazer uma greve. Só não o fiz porque não vejo que haja espaço para qualquer consequência positiva que possa advir desta greve. O país está em maus lençóis e as medidas que estão a ser tomadas podem até não ser as suficientes (com certeza não serão) para conseguir encarreirar novamente as coisas. Se fizesse greve seria pelas razões que vou enumerar e não pelas razões que apontam para se fazer greve. Assim sendo, esta é a forma encontrada de fazer greve: expressar a minha opinião sobre o estado da nação.
  • O governo parece ignorar a regra básica de qualquer administrador que se preze e que consiste em não se gastar mais do que o que se ganha;
  • O governo só agora começou a implementar políticas contra o despesismo em todos os sectores do estado;
  • O governo teima em não apoiar sectores de actividade que poderão gerar riqueza interna e diminuir a nossa dependência do estrangeiro;
  • O governo continua a apoiar o laxismo das pessoas ao fazer com que continuem a optar pelo rendimento mínimo em detrimento de um trabalho;
  • O governo não consegue livrar-se dos jobs for the boys mesmo que isso implique colocar pessoas incompetentes em cargos que não são mais que uma segunda escolha para candidatos autárquicos falhados, entre outros;
  • O governo e o povo português continuam a viver acima das suas possibilidades;
  • O povo português valoriza o chico-espertismo;
  • O povo português tenta sempre contornar a lei e o estado para tirar um benefício próprio;
  • etc.
Duas ressalvas  para esta  pequena lista. O termo "governo" aplica-se a este governo e em maior ou menor grau a todos os governos pós 25 de Abril (realidades anteriores são-me menos familiares). O termo "povo português" é talvez demasiado abrangente mas, infelizmente, são cada vez mais aqueles que se encaixam nesta amálgama.

Parece que já adivinho a discussão estéril entre o governo e os sindicatos sobre a percentagem de grevistas em cada sector de actividade, que segue as fórmulas empíricas:

Governo: ( 0 + x ) % de grevistas
Sindicatos: ( 100 - x ) % de grevistas

Com x < 30 % e a tender para zero.

Como conclusão, o governo até poderá dizer que "a fraca adesão à greve é um sinal claro de que os portugueses percebem a grave crise em que o país se encontra (originada pela conjuntura mundial) e que estas são as políticas correctas para se ultrapassar a situação". Só que não percebe, ou finge não perceber, que a revolta está no facto de que tudo isto poderia e deveria ter sido evitado.



Olho Vivo e Zé d'Olhão
Herman José e Joel Branco

Esta vida é um fadinho
Que põe um homem de molho.

- Eu finjo que sou ceginho!
- Eu tenho um g'anda olho...
 
  Olho Vivo!

- Zé d'Olhão!

Até manda ventarolas!
Isto é que é uma união:

- Se um diz mata!
- Outro diz esfola!

  Isto é que vai uma vida
  Cá neste meu Portugal!
  Uns a dizer que 'tá bem
  E eu me'mo a ver que 'tá mal!

- Eu não sou de mandar vir
  Mandar a bronca não escolho!
  Mas há coisas a pedir
  Um granda soco no olho!

- Ó terra do chico-esperto
  Ó terra do Zé Foguetes
  Que está sempre de olho aberto
  Mas enfia os seus barretes!

- Há muitos oportunistas
  A ver s'a coisa s'ajeita
  Por um olho olham para a esquerda
  Pelo outro olham p'á direita!

  Olho vivo!

- Zé d'Olhão!

Até manda ventarolas!
Isto é que é uma união:

- Se um diz mata!
- Outro diz esfola!

  As crises neste país
  São semp'a me'ma receita!
  Ora são fúrias da esquerda
  Ora ataques da direita!

- Um homem não é de ferro
  E as crises não são de bronze!
  O país é com'ós bêbados
  Está entre as dez e as onze!

- A época espacial
  Finalmente 'tá a surgir
  Nas terras de Portugal
  Onde 'tá tudo a subir!

- Olha p'ó custo de vida
  Sei eu e sabes tu!
  'té parece um foguetão
  Que leva fogo no cu!

  Olho vivo!

- Zé d'Olhão!

Até manda ventarolas!
Isto é que é uma união:

- Se um diz mata!
- Outro diz esfola!

  C'os cintos de segurança
  Nos carros nada sacode!
  É mais um cinto à'pertar
  A barriga do pagode!

- Os cravos da revolução
  'tamos a pagar com juro!
  Pois o cinto português
  Já vai no último furo!

- Ó terra de boa gente,
  Ó terra dos meus amores
  Tudo quer independência
  'té a Madeira e os Açores!

- Se a coisa assim continua
  'tá-se a ver que qualquer dia
  'té damos a independência
  Ao Barreiro e a Leiria!

Esta vida é um fadinho
Que põe um homem de molho.

- Eu finjo que sou ceginho!
- Eu tenho um g'anda olho...
 
  Olho Vivo!

- Zé d'Olhão!

Até manda ventarolas!
Isto é que é uma união:

- Se um diz mata!
- Outro diz esfola!

terça-feira, novembro 16, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 08

Não há coisa mais irritante do que os semáforos limitadores de velocidade. São irritantes porque, à partida, não deveria haver qualquer tipo de limite para a velocidade a que se circula, principalmente dentro das localidades.

Agora imagine este cenário. Você viaja pacatamente a 100 km/h dentro de uma localidade quando, sem que nada o possa prever, vê um otário à sua frente que circula à provecta velocidade de 50 km/h porque existe um sinal a avisar que os semáforos limitadores de velocidade que se encontram mais à frente estão ajustados para este grau de locomoção semelhante a uma lesma com obesidade mórbida.

O que deverá fazer?

A resposta é demasiado óbvia mas cá vai. Ultrapasse o otário e acelere o mais que puder de forma a garantir que o semáforo despolete e fique vermelho. Aí, com toda a pujança, ignore de alto a baixo a indicação do semáforo e passe por ele como se nada fosse enquanto se refastela com a visão do seu espelho retrovisor; o otário atrás de si parou no semáforo vermelho.

segunda-feira, novembro 15, 2010

WCAG 2.0

Web Content Accessibility Guidelines ou, em bom português, Directrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web. Na sua versão 2.0, constitui uma recomendação do W3C (World Wide Web Consortium) desde 11 de Dezembro de 2008.

Qualquer conteúdo disponibilizado na Web deverá ser:

1. Perceptível - a informação e os componentes da interface de utilizador têm de ser apresentados aos utilizadores em formas que eles possam percepcionar.
  • 1.1 - Fornecer alternativas em texto para qualquer conteúdo não textual permitindo, assim, que o mesmo possa ser alterado noutras formas mais adequadas à necessidade da pessoa, tais como impressão em caracteres ampliados, braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples.
  • 1.2 - Fornecer alternativas para multimédia baseada no tempo.
  • 1.3 - Criar conteúdos que possam ser apresentados de diferentes maneiras (por exemplo, uma disposição mais simples) sem perder informação ou estrutura.
  • 1.4 - Facilitar a audição e a visualização de conteúdos aos utilizadores, incluindo a separação do primeiro plano e do plano de fundo.
2. Operável - os componentes da interface de utilizador e a navegação têm de ser operáveis.
  • 2.1 - Fazer com que toda a funcionalidade fique disponível a partir do teclado.
  • 2.2 - Fornecer tempo suficiente aos utilizadores para lerem e utilizarem o conteúdo.
  • 2.3 - Não criar conteúdo de uma forma conhecida por causar ataques epilépticos.
  • 2.4 - Fornecer formas de ajudar os utilizadores a navegar, localizar conteúdos e determinar o local em que se encontram.
3. Compreensível - a informação e a operação da interface de utilizador têm de ser compreensíveis.
  • 3.1 - Tornar o conteúdo de texto legível e compreensível.
  • 3.2 - Fazer com que as páginas Web surjam e funcionem de forma previsível.
  • 3.3 - Ajudar os utilizadores a evitar e corrigir erros.
4. Robusto - o conteúdo tem de ser robusto o suficiente para poder ser interpretado de forma fiável por diversos agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio.
  • 4.1 - Maximizar a compatibilidade com actuais e futuros agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio.
Mais informações em Directrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG) 2.0.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Cantar em Sobre Tom

A tradução é literal. O termo inglês é Overtone Singing. Este "fenómeno" musical baseia-se no facto do cantor conseguir produzir, com a sua garganta, dois tons em simultâneo, um mais grave e outro mais agudo. Consta-se que a sua origem remonta à Mongólia. Quem canta é Christian Bollmann.

terça-feira, setembro 07, 2010

Meio-Silêncio

Não sou poeta. Escrevi esta prosa semi-poética em Novembro de 1997, numa altura em que estava emocionalmente sensível. Para ser poeta, penso que seria necessário ter episódios destes mais amiúde, o que pode ser bom mas também pode ser mau. Acabei por achar que o texto tinha a qualidade mínima suficiente para incluí-lo no meu blogue.

Estas linhas, escrevo-as ao acaso, enquanto espero por um final de tarde.

Lembro-me que são duas horas e eu aqui... num banco de jardim, alimentado pela brisa que passa e por algumas folhas amarelecidas que rodopiam à minha frente.

E é tão  bom parar! Eu que pensava ser este um lugar para os reformados, para aqueles que já não têm muito a esperar da vida, enganei-me. O barulho suave - se há algum barulho suave, é este - do chafariz que enfeita um dos cantos deste jardim, consegue ser um bom conselheiro.

Entretenho-me a ver as pessoas passar. Cada qual na sua vida, uma ou outra circunstância fez com que passassem por aqui neste momento em que estou receptivo ao que se passa à minha volta.

Estamos em meados de novembro. É natural que esteja um pouco frio. Eu, enquanto arrefeço, penso na minha vida.

Por acaso, numa daquelas atitudes irreflectidas, encostei a mão ao meu ouvido esquerdo. Fiquei assim, num estado de semi-surdez e os sons pareceram mais graves. Imaginei como seria a minha vida se não conseguisse ouvir. Naquele instante, tudo me pareceu poético: o movimento das pessoas, os risos das crianças, os automóveis que passavam, todos embebidos em meio-silêncio.

Estranho... ouço o bater do meu coração, o compasso da natureza. Ora acelerado, ora embalado em doces recordações. Tudo isto num banco de jardim, num qualquer princípio de tarde.

Nas minhas mãos tenho um guarda-chuva que, se calhar, não terei oportunidade de utilizar hoje. Ajuda também a guiar os meus passos e gosto de fazê-lo rodopiar, tendo por eixo a minha mão.

É altura de tomar caminho, numa terra que não é a minha, mas na qual me sinto em casa.

Guardo estas sensações porque sei que sonharei com elas mais tarde ou mais cedo.

Em breve partirei de comboio para a minha cidade, numa linha que já conheço bem. Não apreciarei a paisagem pois estará escuro, mas a viagem embalará o meu sono.

Alguns procuram um sentido para a vida. Na minha vida eu procuro lugares, pessoas, atmosferas, sons, amor. Coisas simples, coisas belas, que o Homem tanto estima porque lhe está na própria natureza. 

sexta-feira, setembro 03, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 07

Este é talvez o post mais importante desta colecção. Se tiver de escolher apenas uma regra deste guia prático, não vá mais longe! Aqui está ela! A verdadeira! A única! A arrebatadora regra para todos os condutores acéfalos!

Não há coisa mais inteligente para se fazer ao volante de um veículo. Na presença de um obstáculo ao longe, o condutor deve acelerar sempre até se encontrar a uma curta distância do mesmo. Depois deverá travar a fundo.

Imagine esta situação da vida real. Uma pessoa, fiel cumpridora das regras deste guia prático do condutor acéfalo, viaja pela faixa da esquerda da auto-estrada a uns simpáticos 100 km/h. Ao longe, você que também prima pela fidelização a este guia, circula também na faixa da esquerda a uns simpáticos 150 km/h. Ao avistá-lo, acelera mais um pouco... digamos... para 160 km/h. Ao faltarem umas escassas dezenas de metro para o ponto em que a traseira do carro da frente fica colada à dianteira do seu veículo, deverá travar a fundo para que progrida a uma velocidade igual ou inferior à do carro que vai à sua frente, de maneira a evitar a colisão.

Qual a razão para este inteligente comportamento? É óbvio! Provocar medo no condutor que vai à frente e fazer com que ele infrinja as regras deste guia, deslocando-se para uma faixa mais à direita e permitir que você, que vai atrás, possa progredir a viagem de acordo com as regras da boa condução acéfala. Porque, bem vistas as coisas, para si, mais vale serem os outros a desviarem-se das regras deste guia prático!

quarta-feira, setembro 01, 2010

Freixo de Espada à Cinta

Qual a terra que fervilhou mais no meu imaginário desde miúdo? Sem dúvida que foi Freixo de Espada à Cinta. As razões? Quando queria dizer que algo ficava muito longe, num local remoto, vinha-me logo à ideia frases como "Isso fica mais longe que Freixo de Espada à Cinta"! Depois, o próprio nome da localidade é bastante enigmático.

Foi, portanto, com alguma comoção que me vi a visitar esta pacata localidade.

A origem da Vila de Freixo de Espada à Cinta perde-se nas brumas dos tempos, estando a sua fundação e toponímia encobertas pela neblina que sempre envolvem as lendas. Todavia, vários historiadores afirmam que os Narbassos, povo ibérico pré-romano mencionado por Ptolomeu, habitavam toda esta zona da Península, pressupondo-se assim a existência desta povoação anterior à fundação do Reino de Portugal.

A 27 de Março de 1248 D. Afonso III confirmou o foral outorgado pelo nosso primeiro monarca e todos os privilégios da vila, concedendo-lhe ele próprio um novo diploma foralengo em 20 de Janeiro de 1273.

Freixo é uma vila cheia de História podendo ser usufruída pelo visitante com enorme satisfação, que ao percorrer as suas ruas cheias de portadas e janelas manuelinas, as antigas muralhas e torre ainda medievais, ao visitar a Igreja, ao passear pela Encruzilhada, pela Rua das Flores, pelo Vale, pelo Castanheiro ou pelo Outeiro, desfrutará com certeza de um prazer sem comparação.

A igreja matriz é bastante grande, rectangular, com abside quadrangular e dois absidíolos, um de cada lado, gigantes góticos em três andares e contrafortes nos ângulos da fachada que deixam entrever os cinco tramos em que se divide a nave. As frestas entre os contrafortes rematam em arco redondo, tendo as gárgulas a forma de canhão e os remates em pináculos quadrangulares tão característicos dos meados do séc. XVI.


A Torre do Galo é um monumento nacional. Em granito, facetada e heptagonal é hoje em dia um único e impressionante testemunho do extinto castelo medieval. Segundo Frei Viterbo esta torre foi mandada fazer por D. Fernando I cerca de 1376, uma vez que por ordem expressa deste monarca, nas terras onde não havia paços régios (caso de Freixo), para instalação dos reis quando as visitassem, foram mandados construir os "apartamentos de alcácere" que aqui foram esta torre e o seu belo salão ogival e que durante séculos serviram de residência ao alcaide ou ao governador do castelo.


Também visitámos o museu instalado na Casa da Cadeia, que é quinhentista e serviu como prisão Municipal. Foi feita a sua total recuperação para nela se situar um pólo museológico dividido por 4 salas: "Breve história geológica", "A cultura dos berrões" (denominados por “berrões” ou “verracos”, são representações escultóricas, normalmente em granito, de porcos, javalis, touros, carneiros e talvez ursos), "Dos forais ao município" e "A evolução do mundo agrário".

Perto da Torre do Galo, a minha esposa chamou-me a atenção para o verdadeiro freixo de espada à cinta.


Embora os principais monumentos estejam bem conservados, a localidade propriamente dita está um tanto ou quanto degradada, existindo bastantes casas devolutas.

segunda-feira, agosto 30, 2010

W3C - Conselhos para Fazer Sítios Web Acessíveis

Em 2005 fui a uma conferência da W3C, organizada no Hotel Sana Metropolitan em Lisboa, intitulada "W3C/WAI Web Accessibility Best Practices Evaluation Training". No meio da documentação disponibilizada, vinha um cartão do tamanho dos cartões de crédito com o título deste post. Como ainda se mantém actual, transcrevo-o na íntegra.

  • Imagens e animações. Utilize o atributo alt para descrever a função de cada elemento visual.
  • Mapas de imagem. Utilize mapas de cliente (anotação map), empregando texto nos pontos activos.
  • Multimédia. Disponibilize legendas e transcrições da componente sonora e descrições da componente visual.
  • Ligações de hipertexto. Utilize texto que faça sentido, mesmo lido fora do contexto. Por exemplo: evite "clique aqui".
  • Organização das páginas. Utilize cabeçalhos, listas e uma estrutura consistente. Sempre que possível, utilize CSS para efeitos de disposição e estilo.
  • Gráficos e esquemas. Forneça resumos ou utilize o atributo longdesc.
  • Scripts, applets e suplementos. Forneça conteúdo alternativo, se as características activas não forem acessíveis ou se não forem suportadas pelo navegador.
  • Frames. Utilize a anotação noframes e empregue títulos com significado.
  • Tabelas. Faça com que a leitura linha-a-linha seja compreensível. Forneça resumos.
  • Verifique o trabalho. Efectue validações. Recorra a ferramentas e às directivas existentes em http://www.w3.org/TR/WCAG/.

© W3C (MIT, INRIA, Keio) PT 2001/08

P. S. - W3C significa World Wide Web Consortium; WAI significa Web Accessibility Initiative. CSS significa Cascanding Style Sheets. Para saber mais, consulte: http://www.w3.org/WAI/.

sexta-feira, agosto 27, 2010

Miranda do Douro

No segundo dia de férias, partimos à descoberta de Miranda do Douro.

Pelo caminho, parámos na Fraga do Puio, perto da localidade de Picote, onde se pode observar a magnífica paisagem sobre o Douro, que se serpenteia por estas paragens. A fotografia não faz juz ao local.


É também neste sítio que se pode encontrar uma gravura rupestre intitulada "Arqueiro da Fraga do Puio". Trata-se de um pequeno painel de forma subquadrangular que integra uma representação semi-esquemática de um arqueiro em posição de lançamento.

A “Cidade Museu” de Trás-os-Montes encontra-se a 86 km da capital do distrito e mantém a sua traça medieval e renascentista. O clima do concelho é de tal forma áspero, que é comum dizer-se que “Em Miranda há nove meses de Inverno e três de Inferno”. Os de Inferno são de Verão quentes e secos e os de Inverno são rigorosos, com frequentes nevadas. O concelho de Miranda tem 484 Km2 e quase 9000 habitantes divididos por 17 freguesias.

A Sé Catedral de Miranda do Douro é uma edificação maneirista, cuja traça se deve ao arquitecto Miguel de Arruda, embora as obras se tenham iniciado sob a orientação do arquitecto bragançano Pero de la Faia. A primeira pedra terá sido lançada em 1552, mas a conclusão da obra verificou-se já no período filipino.


Dentro desta Sé, encontrará o famoso "Menino Jesus da Cartolinha".

Em Miranda do Douro também visitámos o "Museu da Terra de Miranda" que nos dá um panorama sobre aspectos da vida quotidiana dos mirandeses, quer em casa, quer no trabalho. O paço episcopal, embora em ruínas, ainda merece ser visitado. O castelo de Miranda e o seu poço, não exigem uma visita demorada, uma vez que só resta um grande terreiro e umas paredes em ruínas.

O Clima desta região é áspero, onde se tocam os extremos do frio e do calor. Por isso, a gente desta terra teve a necessidade de criar a sua maneira de vestir para se defender no trabalho do campo. Criaram trajes de certa maneira austeros, simples, belos, artesanais e domésticos, feitos à base dos recursos locais como o linho e a lã.


Aproveitámos Miranda para fazer um passeio de barco pelo Douro, num agradável percurso de uma hora (ida e volta). As margens escarpadas adquirem mais majestosidade quando são vistas do rio. A dada altura, perde-se por completo o contacto com a civilização e tudo o que nos rodeia é tão somente a natureza. As pedras parecem precipitar-se no rio, avistam-se alguns ninhos abandonados nos pináculos rochosos e as aves de rapina giram no céu. À vinda, junto a uma rocha com forma de nariz, avistámos a Sé Catedral, naquele que seria o último retrato deste passeio memorável pelo Douro.

quarta-feira, agosto 25, 2010

Mogadouro

Nestas férias de verão, eu e a minha esposa decidimos ir para Trás-os-Montes, mais concretamente para a zona do Douro internacional onde partiríamos à descoberta de terras como Mogadouro, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Freixo-de-Espada-à-Cinta, Zamora e Salamanca (estas últimas duas são em Espanha, como o leitor provavelmente saberá).

De todas as terras acima mencionadas, decidimos utilizar Mogadouro como charneira durante a visita às restantes cidades, pernoitando na Casa das Águas Férreas, que recomendamos vivamente.

No Nordeste do território nacional, integrado no distrito de Bragança, o concelho de Mogadouro faz fronteira com Espanha ao longo do rio Douro. Encaixado entre o vale profundo do Douro e a bacia do Sabor, ocupa o prolongamento do Planalto Mirandês que, por sua vez, dá seguimento ao Planalto Leonês (região de Zamora e Salamanca).

Erguido no século XII, o castelo de Mogadouro foi concedido em 1297 pelo rei D. Dinis à Ordem dos Templários e, alguns anos mais tarde, em 1319, passou para a Ordem de Cristo, sucessora daquela. Hoje conservam-se apenas dois panos de muralha, ligando um deles a torre a um cubelo. A torre, quadrangular e de aparelho "incertum", é acompanhada, não de muito longe, por uma outra de feição mais recente, conhecida como Torre do Relógio. Esta é feita de cantaria nos cantos e aparelho "incertum" a meio. Está dividida em três registos, o último dos quais preparado para receber sinos. Tem um remate piramidal e ostenta nos quatro cantos pináculos de granito. Apresenta-se hoje com graves fendas.


A Igreja da Misericórdia situa-se no centro histórico da Vila de Mogadouro, numa posição subjacente ao Castelo de Mogadouro, no Largo da Misericórdia, onde podemos encontrar o pelourinho de Mogadouro.

A construção da Igreja da Misericórdia remonta à 2ª metade do século XVI, após o ano de 1559, data marcada pela fundação da Santa Casa da Misericórdia de Mogadouro. A sua fundação ficou a dever-se à acção do benemérito D. Luís Álvares de Távora. Este obteve resposta positiva do Papa Pio IV, que concedeu a bula (documento papal) de erecção e várias indulgências (privilégios).


O pelourinho de Mogadouro é um marco jurisdicional quinhentista, de base quadrangular, muito rústica, assente sobre um soco também quadrangular de três degraus. O fuste é oitavado e formado por quatro blocos desiguais. A meio tem sinais de ter possuído uma argola. O capitel é constituído por um disco achatado de onde irradia uma cruz grega. O remate é piramidal de formato cónico.


Mogadouro intitula-se Terra d'Os Meus Amores, fazendo alusão à obra literária de Trindade Coelho.

José Francisco Trindade Coelho (Mogadouro, 18 de Junho de 1861 — Lisboa, 18 de Agosto de 1908) foi um escritor, magistrado e político português.

A sua obra reflecte a infância passada em Trás-os-Montes, num ambiente tradicionalista que ele fielmente retrata, embora sem intuitos moralizantes. O seu estilo natural, a simplicidade e candura de alguns dos seus personagens, fazem de Trindade Coelho um dos mestres do conto rústico português. Fiel a um ideário republicano, dedicou-se a uma intensa actividade pedagógica, na senda de João de Deus, tentando elucidar o cidadão português para a democracia.

Ir a Mogadouro e não provar a posta Mirandesa, é um sacrilégio. Escolhemos o restaurante "A Lareira" para provar esta iguaria. A entrada faz-se pelo café e fomos atendidos pelo Chefe de Cozinha que nos acompanhou até à mesa e nos sugeriu a famosa posta que ele próprio tratou de grelhar na lareira que domina a zona do restaurante. Estava simplesmente divinal.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 06

A faixa direita da estrada é para quem anda devagar e quem tem carros baratos de baixa cilindrada. A faixa esquerda da estrada é para quem anda depressa e quem tem carros caros de alta cilindrada.

E isto é sempre verdade, quer hajam mais carros na estrada ou não. Por exemplo: alguém que tenha um carro caro e/ou de alta cilindrada, ao entrar numa auto-estrada, deve colocar-se na faixa da esquerda e não a largar mais até sair da auto-estrada.

Estes conselhos também são válidos para quem acha que a sua chocolateira (também conhecida por machimbombo, calhambeque, Dona-Elvira, lata-velha, etc.) tem alma de carro caro e/ou de alta cilindrada ou que simplesmente gosta de colar o acelerador ao tapete de borracha sempre que anda nela.

Outra variante interessante desta regra aplica-se a todos os que têm aversão ao lado direito da estrada. Nestes casos, independentemente da velocidade e do tipo de via em que se circula, deverá preferir SEMPRE o lado esquerdo da faixa de rodagem.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Cola Cisne

Anteontem fui à FNAC e não resisti. Comprei um tubo de cola Cisne.


Curiosamente, à volta estavam um conjunto de 50 cromos e uma pré-venda para o livro "Caderneta de Cromos" (a enciclopédia definitiva sobre o que nos deliciava nos anos 70 e 80) de Nuno Markl, a sair no próximo dia 24 de Setembro de 2010.

terça-feira, agosto 17, 2010

Mariza

Vamos começar por descrever as minhas férias do fim para o princípio (já não é necessário explicar porque é que não actualizo o meu blog há 15 dias).

Neste primeiro post, dou conta da última actividade oficial das minhas férias: assistir ao espectáculo de Mariza e Tito Paris em Ponte de Lima.


Chegámos ao recinto da Expolima cerca de uma hora antes do início do espectáculo, o que nos permitiu obter um lugar perto do palco. O evento era ao ar livre e as cadeiras, embora de plástico, eram confortáveis. O palco estava decorado com tiras de pano colocadas segundo a vertical. O jogo de luzes encarregava-se de transformar aquelas tiras de pano em jogos de cores, formas e volumes. Não foi preciso mais. O que importava mesmo eram as vozes dos artistas.

Vinte minutos depois da hora marcada no bilhete surgem os músicos e, finalmente, Mariza pisa o palco em Ponte de Lima.

Há cerca de dois meses tive oportunidade de ver na televisão um espectáculo de Mariza e Paulo Gonzo, o que me proporcionou um termo de comparação para este espectáculo. Mariza é uma excelente cantora. Não me parece que improvise enquanto canta. Deve ensaiar até à exaustão cada nota de música para que nada falhe. Afinal de contas, é uma das grandes fadistas portuguesas e há uma reputação a manter. O que varia é a sua interacção com o público que, diga-se desde já, não podia ser melhor. Provoca, anima, confronta e graceja, dependendo muito da reacção que o público vai tendo durante a actuação. Nesta actuação em particular, a reacção do público foi, no início, de veneração pela diva e, no fim, de total euforia. A veneração sentia-se pelos silêncios na música que faziam eco entre os espectadores. A euforia manifestou-se pelas danças improvisadas entre a plateia, os braços no ar e as palmas. Já que falo de público, devo também elogiá-lo, uma vez que nunca vi um público tão afinado a cantar e com tanta noção de ritmo a bater palmas.

Tito Paris não podia ser mais diferente de Mariza em todos os aspectos. E deve ser por isso que resultam tão bem enquanto dupla em palco. Tito Paris trabalha mais "solto", mais no improviso... mas tudo com bastante profissionalismo. Os ritmos de Cabo Verde contagiaram o público que delirou quando Mariza e Tito Paris deram uns passinhos de dança.

A amplificação sonora estava q. b. e a qualidade sonora estava acima de qualquer crítica. Para além de Mariza e Tito Paris, saliento também a intervenção do percussionista, que nos brindou com alguns solos estrondosos.

Como conclusão, foi um final de noite bem passado, junto de músicos que elevam bem alto a fasquia da qualidade da música portuguesa e cabo-verdiana.

quarta-feira, julho 28, 2010

Regresso a "Zero"

No que toca a leituras, existem duas temáticas que me agradam mais: divulgação científica e ficção científica.

Se me pedirem para concretizar o primeiro contacto que tive com a ficção científica, terei de referir o Regresso a "Zero", da autoria de Stefan Wul (escritor francês, 1922-2003) e publicada pelo Círculo de Leitores. Lembro-me, quando era pequeno, de pegar este livro da estante do meu pai e de ler alguns trechos.


Depois de vinte e muitos anos volvidos, senti-me com coragem para lê-lo do princípio ao fim (não pelas 143 páginas que o compõem mas pelo medo de não gostar do conteúdo).

A lua acha-se transformada, pelo governo da Terra, num imenso campo de concentração para condenados à pena máxima. A certa altura, porém, sabe-se que os Lunares preparam um ataque aos Terrenos. Um sábio é, então, enviado para o satélite com a incumbência de evitar o regresso a "zero" previsto pelos invasores. Entre os múltiplos problemas que Jâ Benal, assim se chama o sábio, tem de enfrentar avulta a operação a uma sua perna, efectuada por equipas de cirurgiões miniaturizados. Esta e muitas outras peripécias empolgantes continuam a fazer de Regresso a "0" uma obra cheia de génio, de clarividência, de poesia e de confiança inabalável na capacidade criativa do Homem. Foi-lhe atribuído em França (1956), o Grande Prémio do Romance de Ficção Científica.

No final do livro fiquei com a sensação que existem duas velocidades na narrativa e que poderiam ter sido acrescentadas mais 143 páginas. O título engana um pouco porque o regresso a zero só acontece, de facto, a poucas páginas do fim e é descrito com demasiada superficialidade em relação ao resto. Como todos os livros de ficção científica, existem partes em que a imaginação do escritor peca por excesso e outras, por defeito, já que não se consegue livrar de alguns pormenores técnicos que estariam em voga em 1956 mas que são projectados no futuro quase incólumes.

Este livro é o primeiro de uma série de 11 que o escritor publicou na segunda metade dos anos 50 do século XX. O décimo segundo e último, só surgiria em 1977.

terça-feira, julho 27, 2010

Teletransporte

Se houvesse esta tecnologia, bem ao estilo de Star Trek, gostaria de ser teletransportado do meu local de trabalho (aka Sauna) para o Campo Pequeno... e ficar lá... calmamente... à espera de Mark Knopfler. Talvez levasse novamente com o brilho da guitarra mítica nas trombas, como aconteceu em 1996 no Coliseu do Porto. Desta vez Mark, desculpa-me. Não vou poder ir. A minha alma sofre e espera por uma próxima oportunidade.

quinta-feira, julho 22, 2010

"Caderneta de Cromos" por Vítor

Ultimamente tive curiosidade em ouvir os PodCasts do programa de Nuno Markl na Rádio Comercial intitulado "Caderneta de Cromos". Concordo com ele quando afirma no primeiro programa desta série: "Não há geração mais bizarramente nostálgica do que a nossa [geração de 70-80]". Fui fazer uma leitura mais atenta do meu blog e encontrei nele algumas nostalgias desses tempos e outras coisas que, não sendo desses tempos, podem vir a ser, no futuro, consideradas nostalgias. Assim sendo, criei uma nova etiqueta intitulada "Caderneta de Cromos" por Vítor.

quarta-feira, julho 21, 2010

Semiótica

Semiótica - (s. f.) Ciência dos modos de produção, de funcionamento e de recepção dos diferentes sistemas de sinais de comunicação entre indivíduos ou colectividades.

Uma das minhas funções enquanto Web Designer é a de criar os mais variados ícones para interfaces que actuam como elementos informativos ou que despoletam um qualquer tipo de acção.

Este processo criativo pode ser bastante difícil, dependendo do que o ícone é suposto representar.

No início do desenvolvimento do Sistema de Informação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, pareceu-me ser uma boa ideia recorrer à analogia dos sinais de trânsito para ilustrar algumas respostas do sistema a acções do utilizador.

Assim, utilizou-se, entre outros:

  • Sentido Proibido - o utilizador não tem permissões para aceder a uma página (ultimamente optou-se por retirar este símbolo uma vez que alguns utilizadores consideravam-no "chocante");
  • Via Sem Saída - o sistema não encontrou dados para a pesquisa efectuada;
  • Perigos Vários - chamada de atenção sobre determinadas acções ou informações;
  • Via Sem Cruzamentos de Nível (Auto-estrada) - a informação foi submetida com sucesso.
O fascínio pelos sinais de trânsito vem dos meus tempos de criança. Recordo-me de receber como presente o jogo "Sinais de Trânsito - Loto" da Majora, em tudo igual ao loto normal mas em que os números eram substituídos por sinais de trânsito. Também fui presenteado com outro jogo intitulado "Sinais de Trânsito", fabricado em Oliveira de Azeméis e que era composto por um conjunto de sinais de trânsito e por dois carrinhos de Fórmula 1 (como se os carros de Fórmula 1 tivessem, na sua actividade comum, de respeitar os sinais de trânsito). O intuito deste último jogo era dispor os sinais de trânsito ao nosso bel-prazer e depois, com os carrinhos, percorrer os sinais de trânsito respeitando as suas indicações.


Se pensarmos bem, os sinais de trânsito dão-nos algumas pistas acerca do processo da criação de ícones para aplicações:

  • Os desenhos devem ser simples e inequívocos;
  • A paleta de cores deve ser criteriosamente estudada para proporcionar o melhor contraste possível tendo em vista a correcta identificação do que está representado;
  • As cores podem ser associadas a determinados contextos (vermelho - perigo ou proibição; azul - informação) desde que não exista quebra do contexto em toda a aplicação e desde que a cor não seja o único elemento identificativo de um determinado contexto (pense-se nos indivíduos que não conseguem ter uma percepção normal das cores);
  • As formas dos sinais podem ser associadas a determinados contextos (triângulo - perigo; circular - proibição; quadrado - informação) desde que não exista quebra do contexto em toda a aplicação. Note-se que, no caso dos sinais de trânsito, existem formas especiais como o triângulo invertido (perda de prioridade) e o octógono (stop) que tanto informam o condutor que se apresenta a esse sinal de frente como o condutor que vê o sinal "de costas".

segunda-feira, julho 19, 2010

What Makes Them Click?

Acabei de (re)ler este fim-de-semana o livro de Susan Weinschenk (aka Brain Lady) "Neuro Web Design - What Makes Them Click?".


É um livro bastante interessante, na medida em que enquadra o design de sites para a Web tendo em conta a forma como o nosso cérebro funciona. Isto traduz-se em sites mais persuasivos.

Embora o ênfase seja dado a sites comerciais, as linhas orientadoras podem ser aplicadas a outro tipo de situações, incluindo aquelas que, para mim, são mais interessante: sites institucionais ligados à educação universitária.

É um livro que se lê com facilidade, cheio de exemplos práticos e de ideias que podem ser utilizadas de imediato. A perspectiva psicológica sobre a mente humana, principalmente ao nível do sub-consciente, dá-nos uma visão mais profunda sob a forma como nós, os humanos, somos atraídos pelos conteúdos da Web. Ensina-nos a lidar com o sub-consciente e quais as zonas do cérebro que devemos estimular para tornarmos o nosso site mais efectivo e apelativo.

Uma leitura a não perder por todos aqueles que se interessam pela Acessibilidade e Usabilidade Web.

sexta-feira, julho 16, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 05

Se existir uma estrada estreita em que você passa todos os dias e na qual, por norma, não se cruza com veículos nenhuns (mais conhecidas por estradas do "lá vem um"), poderá assumir sem sombra de dúvidas que essa situação irá manter-se todas as vezes em que circular pela referida estrada. Assim, aconselha-se a que ande acima dos limites de velocidade permitidos e que corte o maior número de curvas que puder (poupando tempo e os pneus do carro), principalmente se as curvas forem fechadas e com pouca visibilidade.

quarta-feira, julho 14, 2010

Balada Africana

Ontem acabei de ler este livro, emprestado pelo meu pai há já algum tempo. Ex-combatente do ultramar, é inegável a influência que África tem na vida do meu pai. Isso comprova-se ao olharmos para a estante de livros que ele tem em casa. A "Balada Africana" é, sem sombra de dúvida, um dos seus livros preferidos e foi por isso que ele aconselhou-me a lê-lo.

O título original é "The Curve and the Tusk" e foi escrito em 1952. Stuart Cloete, o seu autor, relata neste livro uma história profundamente marcada por África: os usos e costumes dos seus povos, a relação que o homem branco tem com África e com os negros e a flora e fauna africanas com ênfase nos grandes paquidermes.

Considerei o livro de leitura fácil (embora estivesse escrito em português do brasil) e empolgante. Existem bastantes pensamentos filosóficos sobre a vida. As descrições são por vezes doces e maravilhosas e por outras cruas e directas, mas bem balanceadas. Há também alguma tensão erótica em certos trechos mas tudo muito bem escrito e estruturado.

Deve ler-se este livro tendo em linha de conta o período e o contexto em que foi escrito, na medida em que certos pensamentos do autor poderão roçar o racismo (a que não estará alheia a sua permanência em África-do-Sul, na altura ainda dominada pelo apartheid).


Deixo-vos agora com a sinopse que acompanha este livro.

BALADA AFRICANA é um grande e belo livro que singularmente se destaca do panorama das literaturas de África que só nos últimos anos começaram a impôr-se. O seu autor, Stuart Cloete, nasceu em Paris em 1897, descendendo de uma família sul-africana que o fez educar na Inglaterra. Participou da primeira guerra mundial, fixando-se depois no Transvaal (África do Sul), como fazendeiro. Ali viveu até 1935, quando decidiu viajar através do mundo.

A maioria dos romances de Stuart Cloete evocam a colonização da África do Sul através dos boers e dos ingleses, assim como a vida das tribos nativas. Um deles, "As rodas que giram" ("The Turning Wheels"), foi "best seller" nos Estados Unidos, levado para a tela e traduzido em 10 línguas.

BALADA AFRICANA é uma história de caçadas e de aventuras nas florestas de Moçambique, região que Stuart Cloete conhece perfeitamente, pois a sua fazenda do Transvaal ficava próxima da fronteira moçambicana. Mas, a pretexto de nos contar a história de dois elefantes, o escritor sul-africano fala-nos, sobretudo, dos negros e dos brancos que vivem em África, de suas reações, esperanças e desilusões. Por isso é que o romance interessará a um vasto público, desde os leitores que preferem as aventuras empolgantes àqueles que desejam conhecer melhor o chamado Continente Negro. Na verdade, nesta obra se reúnem duas das características que definem a literatura dos nossos dias - a ação e a realidade física e moral em que evoluem as personagens.

Stuart Cloete pretende esclarecer, na medida do possível, "o negro panorama africano", isto é, "explicar o grande problema da África, que é o problema branco". E nesta afirmação aparentemente paradoxal se concentra, em resumo, o drama dos povos africanos que chegam à encruzilhada: para onde vão os negros?

BALADA AFRICANA não é, porém, um livro de tese, nem tampouco coloca a questão africana sob o aspecto exclusivamente político. Aliás, o cenário do romance é simples, mas apaixonante: na selva, vivem dois elefantes sem mêdo; para a selva se encaminha também Maxupa, o jovem negro que ama N'Tembi, mas que dela deve separar-se para acalmar a ira dos deusus; Maxupa infringe, porém, a determinação de Têmbula, o feiticeiro, e é destruído, assim como N'Tembi e a filhinha de ambos, pelos dois elefantes furiosos. Dois caçadores, o velho Carew e o Jovem Maniero, procuram tranquilizar as populações aterrorizadas, abatendo os elefantes endemoninhados, mas um deles é ferido de morte...

Por detrás da aventura, está a África que Stuart Cloete nos sugere com realismo, quando declara: "O africano precisa de tornar-se mais do que é -um homem civilizado - ou menos do que é - um animal perigoso com forma humana. No que êle se tornará é coisa que depende menos dele do que de nós.

João Alves das Neves

terça-feira, julho 13, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 04

Os fabricantes de automóveis exploram os seus clientes ao cobrarem-lhes dinheiro por colocarem dispositivos inúteis nos seus veículos. Um destes dispositivos são as luzes cor-de-laranja que se encontram a toda a volta do automóvel. Estas luzes são a coisa mais despropositada que existe. Gastam a bateria do automóvel, irritam o condutor com o barulhinho que fazem (tic... tic... tic...) e só servem para revelar as nossas intenções aos outros condutores. Como em tudo na vida, o segredo é a alma do negócio. Se alguma vez utilizar o pisca, faça-o, quando muito, depois de efectuar a manobra e nunca antes.

sexta-feira, julho 09, 2010

Os Teóricos Falhados

Hoje passei em frente da livraria da Porto Editora situada na Praça Dona Filipa de Lencastre e deparei-me com um livro da ex-Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, intitulado: "A Escola Pública Pode Fazer a Diferença". Estava com 10% de desconto. Custava €20.19 e custa agora €18.18. Foi lançado há pouco tempo.

Vamos lá a ver... um livro lançado há pouco tempo e já com desconto... hum... se calhar não tem as vendas que era suposto ter. Isto pode ser um palpite maluco, mas para conseguirem vender algum livro, têm de colocar aquilo ao desbarato.

Maria de Lurdes Rodrigues faz parte do rol de pessoas que teoriza muito sobre um determinado assunto mas, quando tem oportunidade de colocar as mãos na massa e passar da teoria à prática, não consegue fazer nada que jeito tenha. O mais interessante é que existem logo legiões de pessoas a prestarem vassalagem às suas ideias, ignorando, porventura, que mais importante do que DIZER é FAZER.

Sem pensar muito, lembro-me de outros teóricos falhados como Mário Soares e Marcelo Rebelo de Sousa. A sorte de todos eles é que o povo tem memória curta.

quinta-feira, julho 08, 2010

Carlos Paredes

Hoje, por sorte, cruzei-me no YouTube com estes fantásticos vídeos de Carlos Paredes. No primeiro, é acompanhado à guitarra clássica pela sua esposa, Luísa Amaro. A primeira música intitula-se "O Fantoche" e a segunda "Canto de Rua", apresentadas por Ana Zanatti.



Durante muitos anos, o acompanhamento foi feito por Fernando Alvim. Desta feita, a música em causa é "Variações em Ré Maior".



Carlos Paredes foi o mais brilhante compositor e executante de guitarra portuguesa.

segunda-feira, julho 05, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 03

Quando acabar de estacionar o seu veículo, ao sair do mesmo, abra totalmente a porta. Quanto mais esta impecilhar a faixa de rodagem, melhor. Se algum veículo estiver a passar na altura por si, abra total e rapidamente a porta. Nada melhor que um bom susto para os condutores que passam estarem com os cinco sentidos sempre alerta. As portas têm posições intermédias de abertura estável mas esta funcionalidade não tem qualquer utilidade prática.

sexta-feira, julho 02, 2010

Get Lucky

Para quem não sabe, este é o título do último álbum de Mark Knopfler... o meu guru da guitarra (eléctrica ou acústica).

Neste post vou tentar fazer uma crítica a cada uma das músicas que compõem este "Get Lucky".

Para além das influências da própria vivência de Mark Knopfler, notam-se alguns contornos de cariz mais histórico neste álbum.


Border Reiver


Border Reivers foram saqueadores que actuavam ao longo da fronteira anglo-escocesa entre os séculos XIII e XVI. Entre eles estavam escoceses e ingleses. Percorriam toda a fronteira e não tinham em linha de conta a nacionalidade das suas vítimas. Tiveram o seu auge nos últimos cem anos da sua existência, durante a dinastia Tudor, na Inglaterra.

Álbion (Ἀλβιών), palavra hoje em dia somente utilizada na literatura, é o nome celta ou pré-celta da Inglaterra. Na sua origem estaria o facto das suas falésias serem brancas, ou a Albion, filho de Neptuno.

Nesta música existe ainda uma faceta autobiográfica de Mark Knopfler, mais concretamente dos tempos em que apanhava boleia de camionistas para as suas deslocações.

A introdução melodiosa da flauta transversal dá o tom para todo o álbum. Vê-se claramente mais um regresso de Mark Knopfler às origens celtas. Não se deixe enganar pela calma relaxante da introdução. Segue-se um ritmo bem compassado que nos faz querer dançar em volta de uma fogueira. Os instrumentos acústicos estão em predominância e assim continuarão pelo resto do álbum.

Southern bound from Glasgow town
she's shining in the sun
my Scotstoun lassie
on a border run
We're whistling down the hillsides
and tearing up the climbs
I'm just a thiever stealing time
in the Border Reiver

Three hundred thousand on the clock
and plenty more to go
Crash box and lever
- she needs the heel and toe
She's not too cold in winter
but she cooks me in the heat
I'm a six-foot driver but you can't adjust the seat
in the Border Reiver

'Sure as the Sunrise'
that's what they say about the Albion
'Sure as the Sunrise', that's what they say
about the Albion and she's an Albion
She's an Albion

The Ministry don't worry me
my paperwork's alright
They can't touch me
I got my sleep last night
It's knocking out a living wage
in 1969
I'm just a thiever stealing time
in the Border Reiver

Hard Shoulder

Às vezes temos de chorar no ombro de alguém... este pensamento é transmitido pelo compasso que nos induz num estado "saudosista". O pior é quando o ombro em que queremos chorar é demasiado duro. Um bom slow para se dançar acompanhado.

I've got latches for windows, handles for doors
Grinders and scrapers and sanders for floors
Rake for the gravel, chains for the snow
Always got the shovel - you never know
I never thought you'd go

Man's broken down
Man's broken down on the slip road
Got a slipped load
And it's a hard shoulder to cry on

Hacksaws and hammers, brushes and mop
Then I've got the ladders up on the top
If something needs doing, I always say
You want it done the proper way
I need you to stay

Give me a minute we'll be going again
Sound as a pound, right as rain
- right as rain
And it's a hard shoulder to cry on
- to cry on

You Can't Beat The House

O ritmo faz lembrar as músicas do álbum "Wag the Dog". Tanto a letra como a melodia remetem-nos para os antigos Western Saloons. O piano, para além da guitarra de Mark Knopfler, é o instrumento predominante.

You can't fool a fooler
I can tell
when a john got jazzed
by a jezebel

You can't beat the house
You can't beat the house
Tell the man somebody
You can't beat the house

When these horn dogs
get lucky with dough
they'll blow it on the roosters
and the girls of Smokey Row

You want to buy you a dance
don't buy it in here
It's all skin games and jelly roll
red-eye and beer
They're all as mean as rat snakes
all got knives in their boots
Even the piano player, man,
he don't care who he shoots

See that little homewrecker
in the backroom
She'll pick your pocket
with her pet raccoon

Before Gas and TV

Mais uma letra e música saudosista, que apela aos tempos inocentes em que a ausência de "modernices" nos faziam viver os momentos simples com maior intensidade.

Before gas and TV
before people had cars
we'd sit round the fires
pass around a guitar
remembering songs
When my daddy was home
he'd play along
on the spoons and a comb

We'd go with the flow
When the weather was fine
sometimes we'd go
collecting scrap iron
Then we'd sit round the fires
pass a bottle of wine
and the tales of the road
since time out of mind

If heaven's like this
well, that's okay with me
where the living is fine
and living is free
If heaven's like this
well, then here's where I'll be
on the edge of the field
on the edge of the world
before gas and TV

Monteleone

Existe uma tradição na cidade de Nova Iorque que consiste na criação artesanal de guitarras por parte de descendentes de italianos. Um desses artesãos chama-se John Monteleone. Mark conheceu este artesão e, segundo o seu relato, foi como ter conhecido Antonio Stradivari (o famoso construtor de violinos). John Monteleone disse-lhe esta frase acerca da sua arte: "Os cinzéis chamam-me! Está na altura de fazer serrim!" (The chisels are calling, it's time to make sawdust). Mark apercebeu-se que John Monteleone sentia necessidade de trabalhar na sua arte. E isso foi inspirador ao ponto de Mark fazer uma música de propósito para este artista.

Uma boa introdução com acompanhamento clássico. Segue o traço "chill out" deste álbum e leva-nos pé ante pé a caminho dos nossos sonhos.

The chisels are calling
It's time to make sawdust
Steely reminders of things left to do
Monteleone, a mandolin's waiting for you

My finger planes working
Gentle persuasion
I bend to the wood and I coax it to sing
Monteleone, your new one and only will ring

The rain on the window, the snow on the gravel
the seasons go by to the songs in the wood
Too quick or too careless it all could unravel
It so easily could

The chisels are calling
It's back for an encore
Back to the shavings that cover the floor
Monteleone, they're calling for more
Monteleone, they're calling for more

Cleaning My Gun

Uma música folk/country mais ao estilo de álbuns anteriores, como "Sailing to Philadelphia" ou "The Ragpicker's Dream". Uma guitarra sabiamente distorcida é a linha melódica dominante ao longo desta faixa.

I keep a weather eye on the horizon, my back to the wall
I like to know who's coming through the door, that's all
It's the old army training kicking in
I'm not complaining, it's the world we live in

Blarney and Malarkey, they're a devious firm
They'll take you to the cleaners or let you burn
The help is breaking dishes in the kitchen - thanks a lot
We hired the worst dishwasher this place ever got
Come in below the radar, they want to spoil our fun
In the meantime I'm cleaning my gun

Remember it got so cold ice froze up the tank
We lit a fire beneath her just so she would crank
I keep a weather eye on the horizon, tap the stormglass now and then
I've got a case of Old Damnation for when you get here, my friend
We can have ourselves a party before they come
In the meantime I'm cleaning my gun

We had women and a mirror ball, we had a dee jay
used to eat pretty much all that came his way
Ever since the goons came in and took apart the place
I keep a tyre iron in the corner, just in case

I gave you a magic bullet on a little chain
to keep you safe from the chilly winds and out of the rain
We're gonna might need bullets should we get stuck
Any which way, we're going to need a little luck
You can still get gas in Heaven, and a drink in Kingdom Come
In the meantime I'm cleaning my gun

The Car Was The One

Alguns apontamentos clássicos embalam o ouvinte ao longo da música. E embalar é o termo para descrever o espírito geral da composição.

In summer '63 I was staying alive
hanging at the races, hoping to drive
When they were done with the weekend and loading the cars
I couldn't get a pass so I went to the bar

I'm up in the corner nursing a beer
who should come laughing and joking in here
but Bobby Brown, the winner of the sports car race
with some friends and a girl, man, she lit up the place

Bobby was a wild boy - one summer
he knocked down a motel wall with a hammer
He'd do anything - one night for a bet
he raced through the cornfields in a Corvette

I thought it's got to be a thrill to be like that
with the beautiful girl and be king of the track
But the truth is when all was said and done
it was his Cobra I wanted - the car was the one
It was his Cobra I wanted - the car was the one
The car was the one - the car was the one

Remembrance Day

Um apontamento original para Mark Knopfler: um coro de crianças participa nesta faixa. O "Remembrance Day" é um feriado da Commonwealth (11 de Novembro) para comemorar os sacrifícios efectuados por membros das forças armadas e civis em tempos de guerra.

On your maypole green
see the winding morris men
Angry Alfie, Bill and Ken
waving hankies, sticks and boots
- all the earth and roots

Standing at the crease
the batsman takes a look around
The boys are fielding on home ground
The steeple sharp against the blue
- when I think of you

Sam and Andy, Jack and John
Charlie, Martin, Jamie, Ron
Harry, Stephen, Will and Don
Matthew, Michael - on and on

We will remember them
remember them, remember them
We will remember them
remember them, remember them

Time has slipped away
The summer sky to autumn yields
A haze of smoke across the fields
Let's up and fight another round
and walk the stubbled ground

When November brings
the poppies on Remembrance Day
when the vicar comes to say
'May God bless them, every one
Lest we forget our sons'

Get Lucky

As personagens que Mark Knopfler inventa são, por vezes, terra a terra. Não sei se foi a crise que o inspirou, mas Mark Knopfler fala de alguém que vagueia pelo mundo sem rumo certo, executando vários tipos de trabalho que apenas lhe dão o dinheiro suficiente para ir vivendo. No entanto, a alegria de viver consegue-se na esperança de que um dia talvez tenhamos sorte, principalmente se aproveitarmos as oportunidades que a vida nos dá. A flauta transversal é o instrumento principal, criando uma atmosfera bucólica, indispensável a todo o enquadramento musical.

I'm better with my muscles
than I am with my mouth
I'll work the fairgrounds in the summer
or go pick fruit down south
And when I feel them chilly winds
where the weather goes I'll follow
Pack up my travelling things
go with the swallows
And I might get lucky now and then - you win some
I might get lucky now and then - you win some

I wake up every morning
keep an eye on what I spent
Got to think about eating
got to think about paying the rent
I always think it's funny -
gets me every time
The one about happiness and money -
tell it to the bread line
But you might get lucky now and then - you win some
You might get lucky now and then - yeah, you win some

Now I'm rambling through this meadow
happy as a man can be
Think I'll just lay me down
under this old tree
On and on we go
through this old world a' shuffling
If you've got a truffle dog
you can go truffling
And you might get lucky now and then - you win some
You might get lucky now and then - yeah, you win some

So Far From the Clyde

A letra é algo negra e a música fez-me, estranhamente, recordar Nick Cave & The Bad Seeds, num dueto com Kylie Minogue: "Where The Wild Roses Grow".

They had a last supper
the day of the beaching
She's a dead ship sailing
- skeleton crew
The galley is empty
the stove pots are cooling
with what's left of a stew

Her time is approaching
The captain moves over
The hangman steps in
to do what he's paid for
With the wind and the tide
she goes proud ahead steaming
and he drives her hard into the shore

so far from the Clyde
together we'd ride
we did ride

As if to a wave
from her bows to her rudder
bravely she rises
to meet with the land
Under their feet
they all feel her keel shudder
A shallow sea washes their hands

Later the captain
shakes hands with the hangman
and climbs slowly down
to the oily wet ground
Goes bowed to the car
that has come here to take him
through the graveyard and back to the town

They pull out her cables
and hack off her hatches
Too poor to be wasteful
with pity or time
They swarm on her carcass
with torches and axes
Like a whale on the bloody shoreline

Stripped of her pillars
her stays and her stanchions
When there's only her bones
on the wet, poisoned land
steel ropes will drag her
with winches and engines
‘til there's only a stain on the sand

Piper To The End

Mais uma canção nostálgica para encerrar este disco. Foi composta a pensar num tio de Mark, tocador de gaita de foles do primeiro batalhão do Royal Highland Regiment. Morreu em terreno de combate, durante a segunda guerra mundial, acompanhado da sua gaita de foles.

When I leave this world behind me
to another I will go
And if there are no pipes in heaven
I'll be going down below
If friends in time be severed
someday we will meet again
I'll return to leave you never
be a piper to the end

This has been a day to die for
Now the day is almost done
Up above, a quiet seabird
turns to face the setting sun
Now the evening dove is calling
and all the hills are burning red
And before the night comes falling
clouds are lined with golden thread

We watched the fires together
shared our quarters for a while
walked the dusty roads together
came so many miles

This has been a day to die on
Now the day is almost done
Here the pipes will lay beside me
silent with the battle drum
If friends in time be severed
someday we will meet again
I'll return to leave you never
be a piper to the end

terça-feira, junho 22, 2010

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 02

Se vir um lugar de estacionamento vazio no meio de outros que estejam preenchidos, não estacione lá. Estacione antes na faixa de rodagem, em frente a esse lugar de estacionamento. Pense nas vantagens. Não precisa de fazer manobras complicadas para estacionar o seu veículo e, se a polícia aparecer, aí sim poderá fazer o sacrifício de colocar o seu veículo no lugar de estacionamento vazio. Por outro lado, transmite a seguinte ideia aos outros condutores: "Eu cheguei primeiro, tenho lugar para estacionar e só não estaciono porque não quero. Se quiseres estacionar, procura um lugar para ti".

(continua...)

segunda-feira, junho 21, 2010

José Saramago

Não posso deixar de comentar a morte do segundo Prémio Nobel português. Para lá de todas as polémicas, extinguiu-se um dos expoentes máximos da literatura portuguesa, reconhecido mundialmente.

Tive oportunidade de o ver pessoalmente na 76ª Feira do Livro do Porto, numa sessão de autógrafos, como comprova o meu post "Ensaio sobre a Cegueira".

Os calores daquele verão tórrido de 2006 fizeram-me escrever um post influenciado pelo estilo de escrita de José Saramago. Intitulei-o "Calor Saramagado".

Dei-me conta que deixei o livro "Ensaio sobre a Cegueira" a meio. Para além das palmas, das lágrimas, da bandeira a tapar o caixão, dos cravos e das frases proferidas no seu funeral, penso que a melhor homenagem que lhe podemos prestar é ler os seus livros.

sexta-feira, junho 18, 2010

Tamanhos de letra em PowerPoints

Hoje assisti por streaming a duas apresentações. Os dois oradores recorreram a PowerPoints para enfatizarem a sua mensagem e, curiosamente, os dois cometeram o mesmo erro. Colocaram demasiado texto por slide, o que se repercutiu no tamanho da letra utilizada.

Para quem assistiu via Web, a combinação da letra pequena com a resolução do vídeo traduziu-se em slides ilegíveis. A abono da verdade, quem filmou não teve o cuidado de intercalar a visualização dos slides com a imagem do orador, dando prevalência ao orador. Teria sido interessante que, sempre que fosse apresentado um novo slide, este aparecesse durante alguns segundos.

Quem planeia um PowerPoint, deve ter em atenção que este é mais um auxiliar da sua apresentação, não devendo traduzir ipsis verbis aquilo que o orador verbaliza. A apresentação em PowerPoint pode ser depois completada com documentação anexa a entregar aos espectadores (handouts).

Assim, é preferível colocar pouco texto em cada slide, sob a forma de ideias-chave que são depois desenvolvidas pelo orador. Também é importante recorrer-se a esquemas simples e facilmente legíveis que complementem as ideias expostas.

Isto tem a ver com acessibilidade e usabilidade! Os conteúdos devem ser adaptados aos media pelos quais são transmitidos. O que é válido, por exemplo, para um livro, já não o é para um ecrã de computador e vice-versa.

Guia Prático do Condutor Acéfalo - 01

Introdução

É com estas linhas que inicio uma brilhante publicação humorística on-line, baseada em factos (infelizmente) reais.

Será um compêndio de calinadas de condutores automobilísticos acéfalos. Para os condutores acéfalos que vão ler estes posts (e eu sei que são muitos), convém explicar o significado da palavra "acéfalo". Etimologicamente, trata-se de uma palavra derivada por prefixação, em que o prefixo "a" designa "desprovido de", "sem" ou "com falta de" e céfalo deriva do grego κεφάλι (lê-se kefáli), exprimindo a noção de cabeça. Não quero com isto dizer que certos e determinados condutores são desprovidos de cabeça! Longe de mim! Tomo o todo pela parte (recorrendo-me da figura de estilo denominada por sinédoque) e quero apenas dizer que existem condutores que não têm cérebro ou, se o têm, não o utilizam quando conduzem.

Para apimentar mais as coisas, criei um pseudónimo: João Cara-de-Pau.

Por fim, uma palavra aos bons condutores, que também os há. Não tentem fazer isto com os vossos veículos. Leiam este guia prático e façam exactamente o contrário.

Obrigado.

O Guia Prático Propriamente Dito

Se houver um obstáculo na sua faixa de rodagem, faça tudo para chegar primeiro junto do mesmo (inclusive ultrapassar os limites de velocidade permitidos) e ultrapasse-o antes que passe qualquer condutor da outra faixa de rodagem.

(continua...)

quinta-feira, junho 17, 2010

Tamanho dos ícones para acções

Hoje em dia existem os mais variados dispositivos de onde se pode aceder à Internet: computadores de secretária, computadores portáteis, netbooks, telemóveis e, mais recentemente, o iPad da Apple. Os tamanhos de ecrã são os mais variados e, em número crescente, os ecrãs passam a ter a funcionalidade acrescida de serem sensíveis ao toque.

Os que produzem conteúdos para a Web devem estar conscientes da miríade de combinações possíveis de dispositivos, resoluções de ecrã e touch screens. Por esse motivo, torna-se impossível desenhar especificamente para cada uma destas formas de aceder à Internet. O ideal seria que os conteúdos se adaptassem ao dispositivo e ao tamanho de ecrã em questão e isso pode ser parcialmente feito por uma CSS bem estruturada. Também é certo que alguns browsers disponibilizam funcionalidades para colmatar as limitações de determinados dispositivos. No entanto, isso não chega.

Neste post vou concentrar-me mais sobre a problemática do tamanho dos ícones responsáveis por executarem determinada acção numa página Web. Não se incluem neste grupo os ícones que transmitem apenas informação visual.

Os ícones que executam acções devem ser fáceis de clicar, quer com o botão do rato, quer com a ponta do dedo, se o ícone estiver a ser visualizado num ecrã sensível ao toque. Esta facilidade de clicar está directamente ligada com o tamanho do ícone em questão. Se um ícone for demasiado pequeno, alguns utilizadores poderão ter dificuldade em "acertar no alvo". Pense-se, por exemplo, nos utilizadores seniores, nos utilizadores com mobilidade reduzida ou nos utilizadores que possuem como interface o pequeno touch screen de um telemóvel. Por esse motivo, o tamanho mínimo desses ícones deverá ser 12 x 12 pixeis. Se o interface é pensado principalmente para touch screens, deveremos aumentar a fasquia para os 20 x 20 pixeis.

Existe também outra coisa a ter em conta: o espaço vazio não clicável à volta dos ícones. Se estivermos a falar de um conjunto de ícones, cada um com a sua função e que partilhem o mesmo ecrã, deverá ser proporcionado um espaço vazio mínimo não clicável à sua volta, na proporção da metade da medida mínima dos ícones que compõem esse espaço. Exemplo: se estivermos a falar de uma matriz de ícones com 20 x 16 pixeis, o espaço à volta desses ícones deverá ter no mínimo 8 pixeis. Este espaço vazio não clicável é de extrema importância, uma vez que previne cliques acidentais ou acções erradas por parte dos utilizadores.

Estes valores que referi são empíricos e derivam da minha experiência pessoal pela observação das aplicações e dispositivos existentes no mercado e pelos desenvolvimentos que faço para a Web.

Audiolivro - Poemas de Luiz Vaz de Camões (Português Europeu - Portugal)

Seleção pessoal de 22 poemas de Luiz Vaz de Camões (Luís Vaz de Camões na grafia moderna). Luiz Vaz de Camões (1524-1580) é o grande poeta d...